terça-feira, 8 de abril de 2014

Escolhendo um barco... xiiiii



Escolher o primeiro barco foi fácil, e o segundo???

Acho que, como todos aqueles que gostam de velejar, andar de lancha, jet, chega um momento que precisamos ter um. Eu explico: assim que terminei as minhas aulas lá na Dick Sail com o Peter, comecei a alugar os Dingues, HC 14, 16 e até o Mod 23 para dar voltas na Guarapiranga e foi ótimo. Os barcos estão sempre bem cuidados e o pessoal da escola é gentil e atencioso, mas... veio aquela vontade de ter algo que eu pudesse colocar na água na hora que eu quisesse, um barco para chamar de meu. Nesse momento eu já estava pensando em me associar ao SPYC (São Paulo Yacht Clube) pois foi ali que tudo começou. Me associei, faltava o barco!


Mari e Nanni no Dingue da Dick Sail

O primeiro veleiro, como eu disse, é fácil. Você não entende nada, nem o que realmente quer, então aparece uma oportunidade que te dizem ser única (e foi) e lá está você comprando o barco. As minhas premissas básicas para essa primeira compra eram as seguintes:

1. barco fácil de navegar, eu era mais Manza que agora
2. que coubesse no meu bolso raso
3. algumas regulagens a mais que o Dingue, só para aprender um pouco mais
4. fosse bonito, afinal era o primeiro barco e eu não sou fã de reformas, gosto é de velejar
5. tivesse outros no clube, precisava aprender com os mais experientes

Então me aparece o Bruno, um comandante da GOL com quem conversara alguns meses antes sobre barcos, ele tinha um Snipe, o barco estava parado a alguns anos no clube dos Engenheiros da USP, represa Billings, e seguia boa parte das premissas. Seguindo o conselho dos mestres (Peter, Dick, Cleto, etc) não pensei muito e comprei o veleirinho por um valor muito bom. Meu padrinho e amigo de velejada Markus me arranjou um transporte e eu fui lá buscar o barco para leva-lo à sua nova casa, o SPYC no dia 14 de Abril de 2013. O Grande Baiu

O Snipe é um barco muito interessante. É elegante acima de tudo, mas também é rápido, arisco e com várias regulagens que, talvez, um dia eu aprenda a usar! A classe é bem ativa e temos diversas regatas na própria represa, a vida dele é agitada para compensar os anos que o Bruno deixou ele paradinho no outro clube. O nosso Snipe, chamamos de Grande Baiú e acho que esse vai ser o nome que vamos apelidar todos os nossos barcos pois tem um significado legal que contarei em outro post com detalhes.

Passamos um belo ano com o Grande Baiú, fizemos muitas trapalhadas e muitas velejadas. Virei o barco com o meu pai (isso também merece um post) com direito a quebra do leme e perda da bolina, o Markus virou ele num dia frio, inclusive gravou essa capotada e eu achei fantástico ver o Snipe embaixo d'água e o Pedro Quezada pulando sem se molhar por cima dele quando emborcou, eu caí na água numa orça apertada quando o Juvenal (amigo do clube) estava de proeiro e fiquei um tempão esperando ele me socorrer. Fiz passeios com colegas da GOL, com proeiros que apareciam de última hora no clube ou qualquer pessoa que se habilitasse a ir para a água comigo. Corremos regatas, acho que umas 6 ao longo desse quase um ano, a Mari fez passeios e regatas comigo e até o Nanni deu uma voltinha, ou seja, vida agitada!!

Markus chegando ao clube depois de uma capotada!


Apesar de todas as felicidades que o nosso barco nos trouxe, veio surgindo uma vontade, um desejo mesmo, de ter algo que eu pudesse levar os pequenos junto, o Nanni adora andar de barco e a Mari também, a Manu ainda não sabemos pois ela não tirou o pé da terra firme. Pronto, acabei de arranjar uma dor de cabeça daquelas. A Mariana topou de cara e estabelecemos algumas premissas:

1. barco seguro que mesmo com uma manzisse não vire ou quebre com facilidade
2. compartimentos estanques são bem vindos para qualquer eventualidade catastrófica
3. algum conforto, não muito pois não pensamos em pernoites compridos mas queremos poder deixar as crianças a vontade
4. fácil de manobrar as velas, para as mudanças de tempo seja vento forte ou muito fraco
5. bom de orça pois não temos todo o tempo do mundo para ficar na água, infelizmente
6. percebi que não gosto de barcos lentos, então que seja minimamente rapidinho e dê alguma emoção
7. possibilidade de colocar tela no guarda mancebo e cabos para as crianças andarem de cinto se necessário
8. um pequeno deck em que possamos olhar o luar ou tomar um sol
9. não precisa ser novo, mas tem que ir para a água já, gostamos é de velejar
10. um motor seria bom para aqueles dias em que o vento pára e temos horários (e só para isso pois barco a vela precisa velejar e falta de vento faz parte)
11. pequeno o suficiente para ser fácil de subir na rampa do clube
12. leve para ser rebocado, se um dia quisermos levar ele mais longe
13. esteja na Guarapiranga ou próximo
14. que tenha alguma história (ou pelo menos uma boa estória)

Como vocês podem ver, aumentamos em 150% as premissas da compra do Snipe. Fomos aprendendo o que podemos e o que temos de possibilidades financeiras e técnicas para ter um novo barco. Logo descartamos barcos que seriam ótimos como o Fast 230 ou Skipper 21 tanto pelo tamanho como pelo preço. Também ficamos fora de O'Day 23, Velamar 23, etc... nosso mundo começou a ficar reduzido mas ainda temos algumas possibilidades. Um Marreco 16 ou um Velamar 18, um bom Micro-Tonner como o Tauxua que está no SPYC e uma infinidade de barcos entre 16 e 20 pés. Não é uma escolha fácil, seja pelos barcos como pela falta deles. Não se encontram Marrecos, Velamar 18 ou outros barcos a venda com um preço razoável e em boa qualidade assim, facinho.

Foi então que vimos um belo exemplar do Delta 17 (ou Tchê 17) que dizem ser o fusquinha dos veleiros. Esse atende a quase todas as premissas, chama-se Yerê e está na Guarapiranga no Clube Castelo. Confesso que fiquei muito inclinado para esse barquinho. Tem de tudo, um espaço para as crianças, uma quilha canivete de 180Kg, vários jogos de vela e um motor clássico Johson 2T 4Hp. Numa orça com vento fraco já fomos lá para os 5kt (sim, ele tem um velocímetro sub aquático alemão), tudo nele funciona, tem uma história interessante com o seu Kurt e a esposa que velejam nele a mais de 10 anos. Conversei com um amigo do SPYC que tem um semelhante, o Alegria e ele me disse o seguinte: COMPRE! Bom, vamos ver Santini se vou comprar ou não, eu quero mas não sei se o dono dele vai vender para mim, desejo já tenho... Velejada no Yerê

Anúncio do Yerê no mural do SPYC 



Yerê e seu Kurt ao fundo no Clube de Campo Castelo


Comprar um barco é assim, um pouco de razão e muita emoção, não dá para ser de outra forma, os barcos tem um significado, são parte de quem os comprou. Eu vou aqui sonhando com os meus filhos no cockpit ou na cabine e eu com a Mari passeando na represa, vamos ver no que dá!

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